Conheça os cinco pilares essenciais que explicam por que o mercado de academias no Brasil ainda tem muito espaço para crescer
Por Fabio Saba, , colunista Fitness Brasil
17/10/2025
Com tantas academias e estúdios surgindo de forma acelerada, espalhados pelos quatro cantos do Brasil, muita gente passou a acreditar que o mercado fitness estaria próximo da saturação. Mas será que essa percepção é verdadeira?
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Os dados mais recentes do Panorama Setorial da Fitness Brasil mostram uma realidade bem diferente. Segundo o levantamento, o Brasil é o segundo país com o maior número de academias do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, mas com penetração ainda limitada em relação à população total. Estima-se que menos de 5% dos brasileiros sejam frequentadores regulares de academias, enquanto em países maduros esse índice ultrapassa 15%.

O estudo também revela que o setor movimenta mais de R$ 17 bilhões anuais, com crescimento consistente no número de academias, redes e modelos de negócios híbridos, especialmente após a pandemia, que acelerou a digitalização dos serviços e a busca por saúde integral.
Esses números indicam um cenário com muita concorrência, mas também inúmeras oportunidades. O mercado não está saturado — ele está se transformando. E essa transformação exige profissionalismo, estratégia e visão de longo prazo.
A seguir, apresento cinco pilares essenciais que explicam por que o mercado de academias no Brasil ainda tem muito espaço para crescer — em quantidade, mas principalmente em qualidade.
Os Cinco Pilares Que Sustentam a Visão de Potencial de Crescimento
O primeiro pilar é a escassez de mão de obra qualificada. O Panorama Setorial da Fitness Brasil identifica a formação e o desenvolvimento de pessoas como um dos grandes gargalos do setor. Há carência de profissionais capacitados para lidar com o novo perfil de cliente — mais exigente, com distintas necessidades e mais bem informado. Esse déficit se estende a todas as áreas: professores, coordenadores, gestores, equipes de atendimento e vendas. Esse é um campo fértil para crescimento. Investir em capacitação contínua, trilhas de desenvolvimento, certificações internas e cultura de aprendizado é a chave para diferenciar o serviço, elevar o padrão de entrega e aumentar o valor percebido pelo cliente.
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O segundo pilar é a falta de liderança e de gestão profissional. Ainda é comum ver academias sendo conduzidas por empreendedores apaixonados pelo fitness, mas sem formação sólida em administração, finanças, marketing ou gestão de processos e pessoas. Essa ausência de preparo reduz a capacidade de planejar, analisar e sustentar o crescimento. Por outro lado, representa uma imensa oportunidade. Formar líderes nos três níveis — estratégico, tático e operacional — pode transformar negócios medianos em operações robustas. A criação de programas de liderança, manuais de gestão e rotinas de governança eleva a eficiência, reduz a mortalidade das unidades e cria base sólida para expansão.
O terceiro pilar é o baixo domínio de vendas e marketing digital. Embora o consumidor de 2025 seja altamente conectado, grande parte das academias ainda atua com estratégias tradicionais e pouco mensuráveis. A dependência de indicações e ações pontuais limita o alcance e a previsibilidade de resultados. No entanto, o avanço do digital oferece enorme potencial de crescimento. Estruturar funis de vendas, integrar CRM e redes sociais, investir em conteúdo educativo e aplicar automação comercial pode reduzir custos de aquisição e gerar fluxo constante de novos clientes. Além disso, os modelos híbridos — presenciais e online — ampliam o mercado e aumentam a relevância das marcas junto ao público.

O quarto pilar é o atendimento e a experiência do cliente, que ainda apresentam baixa percepção de valor em boa parte das academias. Mesmo com melhorias na infraestrutura, o fator humano continua sendo o maior diferencial. O Panorama Setorial aponta que um dos principais motivos de evasão é a falta de vínculo e de acolhimento. Clientes que não se sentem reconhecidos, acompanhados e pertencentes tendem a abandonar a prática com mais facilidade. Por isso, investir em experiências personalizadas, jornadas de acolhimento, celebração de conquistas e rituais de pertencimento é o caminho para fidelizar e criar defensores da marca. O atendimento precisa evoluir da execução para o encantamento para criar senso de pertencimento no cliente.
Por fim, o quinto pilar é a ausência de planejamento estratégico integrado. Muitas academias ainda funcionam de forma reativa, sem metas claras, sem indicadores de performance e com pouca comunicação entre as áreas administrativa, financeira, operacional e comercial. Essa falta de direção e visão sistêmica, compromete resultados e dificulta a expansão. O crescimento sustentável exige visão estratégica e cultura de gestão. Implementar planos com metas de curto, médio e longo prazo, estabelecer KPIs, revisar resultados periodicamente e garantir alinhamento entre as equipes transforma a operação e dá previsibilidade ao negócio.
Conclusão: O Mercado Não Está Saturado — Está Evoluindo
O mercado de academias no Brasil segue crescendo, mas o desafio agora não é apenas abrir novas unidades — é elevar o padrão de qualidade, profissionalização e experiência.
As oportunidades estão justamente nas lacunas: na mão de obra, na liderança, no digital, no atendimento e no planejamento. Quem compreender e agir sobre esses pontos, construirá as marcas que vão liderar a próxima década do fitness brasileiro.
O mercado não está saturado — está pedindo evolução.
Fabio Saba é profissional de Educação Física com Mestrado em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é diretor executivo da SABA WELLNESS Consultoria e atua como diretor pedagógico na Fitness Brasil Expo. No Instagram @fabiokalilsaba
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