Profissional apaixonada e dedicada à educação e à pesquisa científica, Danielli traz grandes contribuições para o segmento
Yara Achôa, Fitness Brasil
26/9/2025
“Quem é quem – os líderes do mercado fitness” é uma seção do FitBR News que destaca executivos e profissionais que vêm moldando o presente e o futuro do setor com propósito, visão estratégica e entrega real. A entrevistada desta edição é Danielli Braga de Mello, professora de magistério superior no Exército Brasileiro, cuja trajetória acadêmica une pesquisa científica, docência e paixão pela educação. Com passagens marcantes pela graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, ela construiu uma carreira sólida em fisiologia do exercício, enfrentando desafios pessoais e profissionais com disciplina e persistência. Hoje, é referência na formação de novos profissionais e na consolidação da pesquisa como pilar do desenvolvimento do setor fitness e de saúde no Brasil. Conheça um pouco mais sobre a profissional, presença marcante nos eventos da Fitness Brasil.
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Como começou sua trajetória no setor?
Comecei no setor fitness ainda na graduação. No último ano, trabalhava com spinning, que era uma novidade no Brasil, e quis aprofundar o conhecimento sobre o método. Propus fazer meu TCC nesse tema e conheci a pesquisa científica — me encantei e decidi seguir esse caminho. Logo depois, ingressei direto no mestrado com uma carta de recomendação do meu orientador da UFRJ, Prof. Dr. Jefferson Novaes, para o Prof. Dr. Estélio Dantas, que me orientou nessa etapa.
Durante o mestrado, já fui contratada pela Universidade Estácio de Sá e, pouco tempo depois, assumi a coordenação de curso. A pesquisa já estava consolidada como meta de vida, e a partir daí segui para o doutorado em Saúde Pública na FIOCRUZ. Ao concluir, prestei concurso para a Escola de Educação Física do Exército, na área de fisiologia do exercício. Concorrendo com 27 doutores para uma única vaga, fui aprovada — e essa conquista marcou definitivamente minha trajetória acadêmica e profissional.

Quais foram os maiores desafios que surgiram ao longo de sua carreira — e como os superou?
Foram muitos desafios. Conciliar maternidade, família e vida profissional sempre exigiu muitas horas de estudo e também de ausência. Cada fase trouxe suas próprias dificuldades: finalizar o doutorado, enfrentar um concurso público extremamente concorrido, encarar meu primeiro pós-doutorado na Inglaterra, ficando um ano longe de todos. Mas sempre superei com otimismo, dedicação, estudo, disciplina, persistência e, confesso, até um pouco de teimosia — porque desistir nunca foi uma opção. E o mais importante: nunca me vitimizei. Para cada pancada da vida, eu refletia sobre qual era a minha responsabilidade naquela situação, buscava aprender com aquilo e transformava em crescimento.
Conte sobre um momento difícil da sua vida e como você lidou com isso.
Um dos momentos mais difíceis da minha vida foi lidar com fases em que os desafios afetivos e financeiros se somaram. Quando somos mais jovens, tudo parece maior: choramos mais, reagimos com raiva, culpa e drama. Com a maturidade, aprendi que a vida é feita de ciclos e que, por mais grave que seja a situação, tudo passa. Nessas horas, busquei encontrar tranquilidade no meio do caos, porque o desequilíbrio emocional só piora. Procurei me reconectar comigo mesma, com a natureza, com o exercício, a meditação, o yoga, além de reforçar minha fé e simplesmente respirar. E, acima de tudo, agradecer por ter saúde — porque o restante sempre damos um jeito de resolver.
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Conte uma situação em que precisou se ajustar a uma mudança.
Uma situação em que precisei me adaptar foi quando fui estudar fora do país. A primeira vez foi entre 2015 e 2016, no Reino Unido, onde morei em Portsmouth para realizar meu primeiro pós-doutorado. Depois, vivi novamente essa experiência durante meu segundo pós-doutorado, dividindo seis meses entre Paris e Madrid. Em ambas as vezes precisei deixar minha casa já organizada e estruturada para me desafiar de novo, sair da zona de conforto e aprender novos métodos com alguns dos melhores pesquisadores da área. Sempre encarei essas mudanças de coração aberto, buscando assimilar e valorizar o melhor de cada contexto.
Qual foi o momento profissional mais marcante até agora?
Foi, sem dúvida, o meu primeiro pós-doutorado, que representou um divisor de águas na minha vida e na minha carreira. Outro marco importante foi a minha banca de promoção a professora titular, já uma outra fase de responsabilidade e maturidade acadêmica. Mas há uma experiência que me emocionou de forma única: ter palestrado duas vezes no auditório da Academia Olímpica Internacional (AOI), em Olímpia, Grécia — o berço dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Estar naquele espaço, a principal instituição educativa e cultural do Comitê Olímpico Internacional, falando para pessoas do mundo inteiro em um lugar tão representativo para o esporte e para a humanidade, foi algo que nunca imaginei viver e que guardo como um dos grandes privilégios da minha carreira.
Quais tendências e inovações você acredita que irão moldar o futuro do setor?
Acredito que o futuro do setor será moldado principalmente pela tecnologia. Cada vez mais presente, ela já transforma os wearables, os recursos de recovery, os equipamentos e simuladores, além dos próprios espaços de saúde e bem-estar. Outro ponto essencial é a neurociência, que hoje representa um grande diferencial na área esportiva. E, sem dúvida, a integração de informações em tempo real será o que mais movimentará o mercado fitness, conectando ciência, inovação e prática de forma imediata e personalizada.
Como você enxerga o papel do Brasil no cenário global do fitness?
O Brasil já é um dos maiores mercados de academias do mundo e tem tudo para ser um player-chave global. Nosso diferencial está na força cultural do fitness, na rápida adoção de tecnologia — como wearables e inteligência artificial — e na integração com saúde e bem-estar. Se soubermos conectar ciência, inovação e experiência prática, podemos não só acompanhar as tendências globais, mas também exportar modelos para outros países.
Qual é a sua definição de sucesso?
Para mim, sucesso é ser feliz no que se faz. E essa felicidade não precisa estar, necessariamente, ligada à profissão. Para alguns, sucesso é ter mais tempo com a família, para outros é construir a própria família, conquistar estabilidade financeira ou se destacar na carreira. Não existe fórmula única — o essencial é não se comparar, mas sim trilhar a própria trajetória, sendo sempre fiel aos seus valores e ideais.
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Quais são seus valores inegociáveis?
Sempre acreditei que a ciência e a vida profissional e pessoal só fazem sentido quando construídas com ética, seriedade, honestidade, respeito e responsabilidade. Além disso, lealdade, compromisso com a verdade e a busca por entregar o melhor de mim em qualquer contexto são princípios que guiam minhas escolhas e atitudes — e não abro mão deles.
Que conselho você daria para novos empreendedores ou profissionais que querem crescer no setor?
Meu conselho para quem deseja crescer no setor é: estudar sempre. Acredito profundamente na educação, no embasamento e na importância de se apoiar em fatos e evidências, além de investir em formação continuada. Mas não basta só o estudo — é preciso acreditar, ousar, sair da zona de conforto, experimentar o novo e ter muita determinação para persistir nos desafios.
Como equilibrar a vida pessoal e profissional em um setor tão dinâmico?
Organização e disciplina. Quando sabemos planejar o tempo e estabelecer prioridades, é possível manter uma rotina harmoniosa, cuidar da carreira sem abrir mão do lazer, da saúde e do bem-estar. No fim, o equilíbrio é o que garante uma vida plena e feliz.
Quais são seus próximos desafios e projetos dentro do mercado fitness? E desafios pessoais?
No mercado fitness, meu maior desafio é aproximar a ciência da prática profissional. Quero traduzir conhecimento em uma linguagem simples e aplicada, desmistificar a tecnologia e as ciências do esporte, e estimular que profissionais usem evidências científicas no dia a dia, fortalecendo a prática baseada em dados. Meu grande projeto é estar presente em uma Olimpíada — e espero que seja em Los Angeles — integrando uma delegação esportiva e contribuindo para apoiar nossos atletas na realização do sonho olímpico. No lado pessoal, continuo buscando equilíbrio entre carreira, esporte e família. Tenho sonhos ligados a novas experiências, viagens e conquistas esportivas, que me mantêm motivada a evoluir também fora do ambiente acadêmico e profissional.
Se você pudesse ter um superpoder, qual seria — e por quê?
Se eu pudesse ter um superpoder, seria o da cura — porque nada é mais valioso do que devolver saúde e qualidade de vida às pessoas.
Qual foi o último livro que você leu?
“Nada pode me ferir” (David Goggins) e “The Seven Spiritual Laws of Success: A Practical Guide to the Fulfillment of Your Dreams” (Deepak Chopra)
Sugestões de um livro e um filme que podem inspirar outros líderes.
Filme: “O homem que mudou o jogo” e “Air: A História Por Trás do Logo”. Livro: “The Jordan Rules: The Inside Story of Michael Jordan and the Chicago Bulls” (Sam Smith) e “Nunca Deixe de Tentar” (Michael Jordan).
Um conselho ou uma frase que você leva para sua vida.
Tenho alguns pequenos mantras que carrego comigo: “Seja grato sempre – pelas pequenas e grandes conquistas”; “Tudo passa”; “A única missão que temos nesta vida é ser feliz.”
Onde achá-la: um canal de contato que possa ser divulgado.
@danielli.mello (Instagram) e @danielli_mello (YouTube)
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