Seção do FitBR News apresenta as trajetórias, os desafios e a visão de futuro dos principais nomes do mercado no Brasil
Yara Achôa, Fitness Brasil
25/7/2025
A cada semana, “Quem é quem – os líderes do mercado fitness” destaca os profissionais que vêm moldando o presente e o futuro do setor com inovação, propósito e paixão.
Nesta edição, a entrevistada é Patricia Totaro, arquiteta à frente dos escritórios Patricia Totaro | Arquitetura de Resultados e Arq Fit — ambos especializados em projetar espaços fitness com foco em performance, experiência e resultado. Com uma trajetória sólida, ela é referência nacional no tema e acaba de ser incluída no Hall da Fama do Fitness Brasileiro.

Qual é o principal foco do seu negócio no mercado fitness e de bem-estar?
Desenvolver projetos de arquitetura exclusivamente voltados para academias, estúdios, centros de treinamento e afins. Criamos esses ambientes com uma metodologia própria, a Trilha da Experiência, que integra marketing, design thinking, neurociência e psicologia. O objetivo é claro: entregar espaços com impacto direto nos resultados do negócio e na experiência do aluno.
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Como começou sua trajetória nesse setor? O que a levou a esse mercado?
Meu primeiro projeto de academia foi em 1998 — e logo percebi que havia uma lacuna: não existiam normas, referências nem conhecimento técnico sobre esse tipo de espaço. Conforme mergulhei nesse universo, percebi que uma boa arquitetura podia aumentar vendas, melhorar retenção e transformar a relação das pessoas com o ambiente de treino. Mais que um bom negócio, encontrei um propósito. Desde 2006, me dedico exclusivamente a projetos de academias. Em 2018, fundei a Arq Fit, com outro modelo de negócio, para atender academias que estavam em fase inicial e com menor poder de investimento.
Quais foram os maiores desafios da sua carreira — e como os superou?
O maior desafio foi educar o mercado. Mostrar que arquitetura é um investimento estratégico, não só uma despesa estética. Persistência e cases de sucesso foram fundamentais para mudar essa percepção. Outro desafio constante é acompanhar a velocidade de evolução do setor fitness — e isso só é possível com pesquisa, atualização constante e uma equipe multidisciplinar.
Teve algum momento especialmente difícil? Como você lidou com ele?
Em 2016, com a recessão econômica, o mercado retraiu e vários projetos foram adiados ou cancelados. Para superar, precisei tomar decisões e buscar eficiência interna. Intensificamos a consultoria estratégica e focamos em projetos menores, porém de alto valor agregado. Foi nessa fase que percebi que precisava ser mais do que uma arquiteta: era hora de me tornar uma gestora.
Você se lembra de uma situação em que precisou se adaptar rapidamente?
A pandemia, sem dúvida, foi o maior teste. Nossos clientes estavam fechados, os projetos parados. Minha primeira atitude foi ajudar o mercado — sem remuneração — com soluções que atendessem às novas necessidades: distanciamento, ventilação, higienização, espaços ao ar livre e integração com o digital. Paralelamente, buscamos projetos de academias residenciais e em condomínios, que garantiram alguma receita. A criatividade e a flexibilidade foram essenciais.
Qual foi o momento mais marcante da sua trajetória profissional até agora?
Difícil escolher um só. Cada projeto novo me traz alegria. Mas alguns foram emblemáticos: a Eco Fit, primeira academia sustentável do mundo; a Unique, em Brasília, capa de uma revista americana como uma das academias mais impactantes do mundo; ou a parceria com grandes redes desde o início. Além disso, ser homenageada como palestrante pela Fitness Brasil em 2023 e, agora, entrar para o Hall da Fama do Fitness Brasileiro, foram reconhecimentos emocionantes.

Quais tendências e inovações você acredita que vão moldar o futuro do setor?
Design biofílico, sustentabilidade e espaços mais acolhedores já são realidade. Vejo também a personalização como uma força crescente — academias mais adaptadas às necessidades individuais. A integração entre saúde física e mental vai se tornar mais visível. E a tecnologia imersiva, como realidade virtual e aumentada, será usada para criar novas experiências de treino.
Como você enxerga o papel do Brasil no cenário global do fitness?
O Brasil tem um potencial enorme para ser um polo de inovação em design e modelos de negócio. Sabemos fazer muito com poucos recursos, e temos criatividade, paixão por esporte e resiliência. O desafio é transformar isso em soluções sustentáveis e com infraestrutura de qualidade.
Como você define sucesso?
É desfrutar do caminho. Fazer o que amo no dia a dia, celebrar cada conquista e ser feliz, sem esperar um resultado específico.
Quais são seus valores inegociáveis?
Integridade, ética e comprometimento.
Qual conselho você daria para quem está começando ou quer crescer no setor?
Busquem conhecimento sempre. Achar que já sabe tudo é o começo do fim. Inovem, adaptem-se, conectem-se com outros profissionais e entendam profundamente o usuário. E, acima de tudo, tenham paixão. Nos momentos difíceis, é ela que sustenta.
Como você equilibra vida pessoal e profissional em um setor tão dinâmico?
Vejo a vida como uma só. Me divirto trabalhando e trabalho me divertindo. O segredo, para mim, é estar 100% presente em cada momento: seja profissional como uma reunião com minha equipe ou a visita a um cliente, seja pessoal, como um jantar com amigos ou um bate-papo com meus filhos.
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Quais são seus próximos desafios e projetos?
Expandir minha atuação internacional e aprofundar o trabalho com arquitetura sustentável, entregando projetos ecoeficientes sem elevar custos. Quero também explorar mais a integração da IA e realidade virtual na arquitetura fitness. No plano pessoal, quero retomar os trekkings longos — este ano já tenho a travessia de Dientes de Navarino, na Patagônia, programada. Esses momentos de desconexão me trazem grandes insights.
Se pudesse ter um superpoder, qual seria?
Olhar um ambiente, projetar mentalmente — e a academia estar pronta, sem precisar desenhar ou executar a obra.
Qual foi o último livro que leu?
The Eyes of the Skin, de Juhani Pallasmaa, sobre como a arquitetura deve ser sensorial, não apenas visual.
Um livro e um filme que você indica para inspirar líderes?
Para inspirar, recomendaria o livro “Comece pelo Porquê” , de Simon Sinek , que mostra que grandes lideres não se destacam pelo que fazem e sim pelo propósito por trás do que fazem. Agora, não pela questão de liderança, mas gostaria que todos lessem um livro bem antigo chamado “Saber Ver a Arquitetura”, de Bruno Zevi para entender o quanto o espaço construído molda nosso comportamento. Filme recomendo “Moneyball”, que não é sobre esportes e sim sobre a capacidade de um técnico de baseball de conseguir resultados de forma criativa e não convencional.
Você tem uma frase que leva para a vida?
“Menos é mais”, do arquiteto Mies Van der Rohe. Essa ideia me inspira a buscar a essência — em projetos, decisões, sentimentos.
Onde encontrá-la.
No Instagram @patriciatotaro | @patriciatotaroarquitetura | @_arqfit; no YouTube: @patriciatotaro e no LinkedIn @patriciatotaro
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