Palestrante da World Tennis na Fitness Brasil Expo 2025, a especialista fala sobre prevenção de lesões, escolha do tênis ideal, tecnologia no esporte e o crescimento da participação feminina nas corridas
Por Yara Achoa, FitBR News
20/10/2025
Corrida é o assunto do momento. Um recente estudo da Box 1824 aponta que cerca de 13 milhões de brasileiros praticam o esporte regularmente no país – que é o quarto mais praticado no Brasil. A maioria dos praticantes (83%) o faz por questões de saúde física e mental. Segundo o levantamento, 75% dos praticantes atuais começaram entre 2021 e 2022, impulsionados pela pandemia da COVID-19.
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Mas para ter vida longa no esporte é preciso mais do que simplesmente calçar o tênis e sair por aí. Apaixonada por corrida e uma voz importante quando o assunto é prevenção de lesões e qualidade de vida, a médica Ana Paula Simões – ortopedista, especialista em cirurgia do pé e tornozelo e médica do esporte – participou da recente Fitness Brasil Expo como palestrante da World Tennis, patrocinadora diamante do evento. E trouxe valiosas dicas para a prática segura.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista ao FitBR Cast, que também está no canal da Fitness Brasil no YouTube.
O que fazer antes de começar a prática de uma atividade física como a corrida?
Ana Paula Simões: O ideal é sempre fazer um check-up médico. Mesmo com as dificuldades de acesso à saúde, é importante buscar uma avaliação pré-participação. Nessa etapa, avaliamos exames laboratoriais básicos e, principalmente, a condição cardiovascular. O coração precisa estar preparado para o aumento da frequência cardíaca que acontece durante o exercício. É o primeiro passo para praticar atividade física com segurança. Depois desse check-up, vem a escolha do tênis.
Como acertar na compra?
Cada modalidade tem um calçado específico. Para caminhada, um modelo com bom amortecimento; para futebol, chuteira adequada; para basquete, sistema de estabilidade. Além disso, é importante observar o tipo de pisada. Quem pisa muito para fora (supinada) deve evitar tênis altos e muito macios, que aumentam o risco de torção. Já quem pisa para dentro (pronada) precisa de mais estabilidade. Mas é bom lembrar: o tipo de pisada não é preditor de lesão. Pequenas variações são normais — o problema está nos excessos e na falta de adaptação do calçado.
E os tênis com placa de carbono? Todo corredor pode usar?
Nem todo mundo. Eu costumo dizer que é como dar a chave de uma Ferrari a quem acabou de tirar a habilitação. Esses tênis exigem força, técnica e corpo preparado. Em iniciantes, aumentam o risco de lesões. É melhor começar com modelos mais simples, se adaptar e depois investir. Os tênis tecnológicos são ótimos para provas e treinos de qualidade, mas precisam ser usados no momento certo.
Muitos corredores sonham com a maratona logo de cara. Quais os riscos de pular etapas?
A maratona é um desafio grande. O corpo precisa se adaptar gradualmente. O ideal é começar com provas de 5 km, depois 10 km, 15 km e assim por diante. O segredo é respeitar o tempo do corpo e fortalecer a musculatura. Corrida é força também.
Temos visto um boom de corredores no Brasil. Isso reflete no consultório?
Totalmente. Hoje, a maioria das minhas consultas é com pessoas que estão começando a correr ou que sentem dores por conta do esporte. A corrida cresceu muito e as redes sociais impulsionaram essa busca por resultados, paces e tempos. Mas é fundamental não se comparar. Cada corpo tem sua história e seus limites. Respeitar o próprio ritmo é o caminho mais seguro para evoluir e se manter saudável.

Os grupos de corrida ajudam nesse processo?
Sem dúvida. A sociabilidade é um dos pilares da longevidade, junto com alimentação, sono e exercício. Correr em grupo traz motivação, pertencimento e alegria. Um amigo te puxa do sofá, outro te desafia a correr mais. É uma forma de cuidar do corpo e da mente — e de viver mais e melhor.
Em quanto tempo um iniciante pode correr 5 km?
Depende da história esportiva de cada um. Quem já praticou outro esporte evolui mais rápido. Mas, em média, dentro de um ano de treinos consistentes é possível correr 5 km com tranquilidade. O importante é fazer isso de forma gradual: correr um minuto, caminhar um minuto, e ir progredindo.
Como a tecnologia e a inteligência artificial podem ajudar na prática esportiva?
Os wearables — relógios, anéis, pulseiras — coletam dados preciosos, principalmente a frequência cardíaca, que é a base de tudo. Ela mostra o nível de estresse, a recuperação e até a qualidade do sono. Essas informações ajudam o treinador e o médico a ajustar treinos e evitar lesões. Eu, por exemplo, peço para meus pacientes abrirem o gráfico do sono durante a consulta. Se o sono não foi reparador, não faz sentido fazer treino intenso. E dá pra usar a IA de forma criativa — eu mesma já pedi ao ChatGPT uma análise dos meus treinos! Ele dá boas dicas com base nos dados do relógio.
As mulheres estão cada vez mais presentes nas corridas. O que muda para elas?
A mulher tem buscado seu espaço em tudo, inclusive no esporte. Hoje sabemos que podemos correr maratonas e ultras, mas precisamos de treino e acompanhamento. O corpo feminino passa por alterações hormonais, especialmente na menopausa, que exigem atenção médica. Com boa alimentação, sono, controle do estresse e, se necessário, reposição hormonal, conseguimos manter o desempenho e o prazer em correr por muitos anos. O segredo é aceitar o corpo de hoje e se cuidar para continuar evoluindo.
Para encerrar: sempre é tempo de começar?
Sempre. Não existe idade, corpo ideal ou limitação que impeça alguém de se mover. Com orientação e treino, qualquer pessoa pode praticar esporte e sentir os benefícios. O importante é chegar feliz e saudável — e não arrastado, como vemos em algumas provas. A verdadeira superação é cruzar a linha de chegada sorrindo.
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Entrevista completa com Ana Paula Simões — Saúde, Movimento e Inspiração
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