Academias deixam de ser complemento e passam a influenciar a percepção de valor, a diária média e a escolha do hóspede, segundo Marcos Villas Boas, presidente da ABIH-SP
Yara Achôa e Daniel Forster, Fitness Brasil
11/11/2025
A relação entre hotelaria e bem-estar nunca foi tão estratégica. A busca crescente por atividade física, qualidade do sono, alimentação equilibrada e rotinas saudáveis, intensificada após a pandemia, transformou o fitness em um elemento central da experiência do hóspede. Mesmo que apenas 8% dos clientes utilizem efetivamente a academia durante a estadia, para esse público o espaço fitness tornou-se determinante na escolha do hotel. “Para quem usa, a academia é 100% importante”, resume Marcos Villas Boas, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP).
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Os últimos anos vem mostrando esse “boom” no setor de bem-estar, com a percentagem de utilizadores de academias a quase duplicar (de 4-5% para 8%), impulsionando a busca por atividades físicas e um estilo de vida mais saudável. Em entrevista a Daniel Forster, para o FitBR Cast, Villas Boas falou que modalidades como corrida, triathlon, beach tennis e esportes outdoor ganharam força, e os viajantes passaram a buscar hotéis capazes de apoiar esse estilo de vida. “Mesmo que a pessoa não use a academia, ela quer saber que ela está lá. É valor percebido.”

O desafio dos investimentos e o dilema do espaço
Mas para a hotelaria, investir em fitness é uma equação complexa: uma academia ocupa área nobre que poderia abrigar quartos geradores de receita. Além disso, não há retorno direto mensurável. “A academia não gera diária, mas suporta a diária média. Aumenta a percepção de valor do produto e pode elevar o RevPAR”, explica Villas Boas. RevPAR, sigla para Revenue Per Available Room (Receita por Quarto Disponível), é um indicador chave de desempenho no setor hoteleiro que mede a receita gerada por todos os quartos de um hotel em um período específico, independentemente de estarem ocupados ou não. Um RevPAR crescente indica que o hotel está gerando mais receita, seja pelo aumento da taxa de ocupação, da tarifa média ou de ambos
O especialista ainda diz que o ROI – métrica financeira que mede o ganho ou a perda de um investimento em relação ao seu custo – é difícil de medir, porque depende do valor percebido. Ainda assim, o movimento do mercado deixa claro que ignorar o fitness custa mais caro do que investir.
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Do corporativo ao lazer
A hotelaria brasileira é majoritariamente corporativa: 80% dos hóspedes viajam a trabalho, permanecendo em média 2,1 dias. Nesse contexto, a academia funciona como um “bônus”: importante, mas nem sempre utilizada devido à rotina intensa. Já nos hotéis de lazer, que representam cerca de 20% do mercado, a lógica muda completamente.
“No lazer, a academia vira programa da viagem. O hóspede tem tempo e espera instalações mais robustas”, afirma Villas Boas. Por isso, resorts precisam de estruturas maiores, completas e com experiência arquitetônica e de uso.

Três modelos viáveis
1. Parceria com academia próxima
Se houver proximidade e segurança, é o formato mais eficiente: o hotel compra vouchers e entrega aos hóspedes, garantindo acesso a uma academia completa sem assumir custos de manutenção. “Você terceiriza a operação, controla o custo e oferece ao hóspede um nível alto de equipamentos.”
2. Academia terceirizada dentro do hotel
Funciona bem quando há acesso exclusivo para clientes externos, sem comprometer a segurança dos hóspedes. Exige gestão cuidadosa.
3. Academia própria
É o formato mais tradicional — e o mais caro. Depende de conhecimento técnico sobre equipamentos, manutenção, fluxo e dimensionamento de espaço.
Segundo o presidente da ABIH-SP, poucos hoteleiros dominam o mundo fitness o suficiente para escolher bem os equipamentos. Isso cria dois problemas frequentes: sobreinvestimento (comprar máquinas sofisticadas sem necessidade) e subinvestimento (equipamentos fracos que quebram rápido ou não atendem o hóspede).
Ele ressalta que soluções mais duráveis e de menor manutenção — como esteiras curvas e remos — fazem cada vez mais sentido. “Caro é ter uma esteira ruim. E caro é mantê-la funcionando.”
União para apoiar hotéis
A participação da ABIH-SP na Fitness Brasil Expo 2025 abriu um novo ciclo de aproximação entre as duas entidades. A ideia é transformar a feira em um hub de orientação também para hoteleiros. “O evento é fundamental para esclarecer os hoteleiros. É onde eles veem, testam e entendem o que realmente faz sentido para suas operações.”
Para Marcos Villas Boas, a mensagem é clara: o impacto do fitness na hotelaria só tende a crescer. O hóspede moderno quer saúde, movimento, conveniência e liberdade para manter sua rotina — e os hotéis que demorarem a agir vão perder competitividade. “A academia certa, bem dimensionada e com bom custo-benefício, aumenta valor e diferencia o produto. E agora é hora de os hotéis se prepararem.”
Confira a entrevista completa de Marcos Villas Boas, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP), por Daniel Forster, no FitBR Cast.













































































































































































































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