Com a vacinação e a retomada das atividades avançando e a crescente preocupação das pessoas com saúde, especialistas dizem que a hora é oportuna. Veja o que é preciso considerar para fazer um bom negócio
Por Yara Achôa, Fitness Brasil
23/8/2021
Franquia ou franchising é um sistema pelo qual o franqueador (o detentor da marca) cede ao franqueado (o autorizado a explorar a marca) o direito de uso da marca e outros objetos de propriedade intelectual, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços. De forma simplificada, é uma estratégia empresarial para distribuição e comercialização de produtos e serviços. Com o advento da Covid, a necessidade cada vez maior de olharmos para a saúde e a perspectiva de retomada nos próximos meses, investir em franquia dentro do universo fitness passou a ser especialmente interessante.
De maneira geral, trabalhar em rede é um bom negócio, garante André Friedheim, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF). “Parte-se do princípio de empreender com uma marca já conhecida, conceito testado e aprovado, rede colaborativa e ganhos de escala, entre outras coisas. E as áreas de saúde, bem-estar e beleza estão em alta”, diz.
“Depois de um período desafiador, a população quer sair de casa, cuidar da saúde. Academias, estúdios e tudo o que ajude a promover o bem-estar, tornaram-se essenciais. O setor está voltando com tudo”, avalia Marcel Gandra, sócio-diretor do Grupo Ultra, que conta hoje com 49 unidades de negócios (15 academias Ultra e 33 studios Spider Kick).
Enrico Ferrari, CEO da Mormaii Fitness, garante ainda que o mercado fitness é extremamente profissional – o que ajuda desde o começo. “A partir do momento que o indivíduo opta por uma franquia, já inicia com estrutura e grande apoio. Uma das maiores vantagens que vejo é essa: ele passa a fazer parte de um grupo, uma comunidade, muito disposta a ajudar, levando a um desenvolvimento mais rápido e assertivo”, diz.
Segundo a Pesquisa de Desempenho – 1º Trimestre de 2021, da Associação Brasileira de Franchising, envolvendo todos os segmentos, os meses de janeiro e fevereiro indicaram forte tendência de recuperação. E as projeções para 2021, no geral, são de crescimento em faturamento (+8%), redes (+4%), unidades (+5%), emprego (+5%).
“Enxergo uma tendência permanente de crescimento. O setor de alimentação saudável já cresce a dois dígitos – e o fitness deve acompanhar. Saúde está na agenda de todos”, afirma Luis Henrique Stockler, diretor de gestão de redes do grupo Bittencourt, consultoria especializada no desenvolvimento, gestão e expansão de redes de negócios e franquias.
Negócio independente X franquia
Ao decidir empreender, é preciso definir o tipo de negócio que se quer gerenciar. Aí vem a dúvida: é melhor uma empresa independente ou fazer parte de uma rede de franquias?
A primeira coisa é entender que enquanto o dono de uma empresa independente tem liberdade para tocar seu negócio como quiser, o franqueado precisa seguir um “padrão” – não pode mudar seus produtos e serviços com base em desejos pessoais ou condições de mercado. Porém, sozinho muitas vezes não se tem todo conhecimento a respeito dos produtos, da oferta de serviços e de decisões testadas e melhoradas para o mercado de atuação.
“Ao fazer parte de uma rede, o empreender leva todos os processos operacionais necessários – de software a planejamento de marketing. Já entra no negócio com um olhar mais estruturado e global, além de representar uma marca que tem uma espécie de ‘selo de qualidade’ junto ao cliente. É um negócio bastante interessante, protegido em várias pontas. O independente até tem a flexibilidade de mudar as regras como bem quiser, mas é um só para fazer tudo”, compara Gandra.
“Para montar uma academia do zero, talvez você demore um ano e meio para vê-la funcionando. Com uma franquia, pode começar a operar em três meses. Ou seja, tem acesso a curto prazo a seu próprio negócio”, avalia Friedheim.
É essencial frisar que, embora o universo das franquias seja bastante atraente, não é só glamour. “O indivíduo quer ter um negócio maravilhoso, mas não quer fazer a parte menos nobre. É preciso empenho diário, gerenciar crises, saber lidar com todos os tipos de pessoas para manter serviços de qualidade. Tem de ser apaixonado pelo trabalho e dominar seu negócio. Não é todo mundo que tem esse perfil. Uma lição de casa que recomendo a todo candidato a franqueado: converse com outros franqueados da rede, pergunte sobre o dia a dia, sobre os perrengues. E se possível faça um test-drive para ver o lado real do empreendimento”, aconselha Stockler.
Modelos e tamanhos
Em relação a custos, o dono de empresa própria está mais suscetível a altos investimentos para operar seu negócio, especialmente se começar do zero. Franqueados, em geral, têm custo total mais baixo.
A Mormaii, por exemplo, empresa brasileira com 40 anos de história, que tem como principal premissa proporcionar qualidade de vida às pessoas, desde 2012 ampliou sua participação no mercado com o desenvolvimento do projeto Mormaii Fitness. Seu objetivo é melhorar o desempenho esportivo e a capacidade física das pessoas e proporcionar a melhor experiência de atletas profissionais e iniciantes, que buscam opções diferenciadas de exercícios. Para isso, criou uma metodologia exclusiva de treinamento, o Método Integrado Mormaii Fitness – baseado em quatro pilares, reunindo os movimentos do pilates, treinamento funcional e cardio, associados ao Five Konzept (técnica alemã trazida pela Mormaii para o Brasil). Ou seja, tem uma história construída, o que agrega muito valor à marca. Imagine quanto tempo levaria para iniciar e consolidar um negócio semelhante… “Temos dois modelos do Studio Mormaii, com valores que vão de R$ 250 mil a R$ 500 mil, com retorno de capital de giro em três meses e de investimento em cerca de dois anos”, diz Ferrari. Atualmente a Mormaii Fitness conta com 80 contratos ativos, 41 operando e mais 15 em obras, que devem entrar em funcionamento até final do ano.
Já o Grupo Ultra trabalha com um conceito inspirado nos modelos praticados nos Estados Unidos e na Europa, como uma holding que reúne em seu portfólio academias completas e studios fitness de diferentes modalidades. “Acreditamos que o momento é favorável para academias e boutiques de condicionamento físico que oferecem um serviço segmentado e com alto grau de retenção”, aposta Gandra.
Uma franquia da academia pede investimentos que vão de R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões. E é possível acoplar um ou mais studios à unidade ou escolher apenas uma das marcas para operar individualmente. Entre as mais novas opções está o Spider Kick, studio de treinamento funcional com elementos da preparação física do atleta Anderson Silva, que utiliza a metodologia HIIT e monitoramento cardíaco do cliente durante toda a experiência de treino, com investimento a partir de R$ 300 mil.
Pode acontecer de o empreendedor já ter uma academia ou negócio fitness e optar pela conversão. Ou seja, tornar-se um franqueado aproveitando parte da estrutura que possui. “Nesse caso, o investimento e o início das operações costumam ser menores”, diz Gandra.
Seja qual for o modelo escolhido, os franqueados sempre recebem um pacote abrangente de treinamento e suporte.
Para começar bem
Tão importante quanto dinheiro para investir em uma franquia, é a identificação com a marca e os serviços. “Não é condição essencial, mas é bom quando o investidor tem uma familiaridade, um envolvimento com o universo fitness”, diz Ferrari. Stockler concorda: “É difícil vender algo que a pessoa não compra ou não consome. O empreendedor tem de se ver dentro do negócio.”
Para Gandra, o processo é como um relacionamento. “Quando a pessoa está considerando a franquia, é a fase do namoro – é o momento de conhecer bem a franqueadora, quem está por trás, seu histórico… Com a escolha do ponto, vem o noivado. O casamento se dá com a operação em si, com relacionamento próximo entre as partes.”
Na hora de firmar a parceria, as empresas exigem uma série de requisitos do franqueador, como espírito inovador, alguma experiência em gestão de negócios e disciplina para cumprir as normas estabelecidas pela franqueadora. Mas os especialistas acreditam que se o candidato tiver disposição, o negócio vai adiante.
“Em uma rede, o comportamento de uma unidade pode refletir nas outras e afetar todos os franqueados. Tudo faz parte de um contexto e existem regras. Claro que se pode questionar, mas não agir sem antes debater. E tem outra coisa importante para que o negócio dê certo: o franqueado não está comprando uma ‘solução vencedora’. Ele tem facilidades, mas a mágica não acontece sem ação”, ensina o CEO da Mormaii.
Com a busca por saúde e qualidade de vida em alta e a oferta de negócios fortes e consolidados, as franquias no mercado fitness se revelam investimentos a serem altamente considerados!
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