Com casos em crescimento alarmante, exercício de força surge como estratégia essencial para a saúde masculina
Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
10/6/2025
Esse panorama merece atenção crítica e imediata dos profissionais de Educação Física. É imprescindível olhar para o futuro e compreender o descompasso entre o crescimento acelerado dos casos de câncer de próstata e a ainda tímida produção científica sobre o papel do exercício físico — especialmente da musculação — na prevenção dessa doença em homens.
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As projeções globais são alarmantes. Até 2050, o número total de casos de câncer deverá crescer 76,6%, saltando de 20 milhões em 2022 para 35,3 milhões. De forma paralela, as mortes por câncer praticamente dobrarão, passando de 9,7 milhões para 18,5 milhões. Esse aumento será desproporcionalmente mais elevado em países de baixa renda, com incremento estimado de 146,1%, em comparação com 56,8% nos países mais desenvolvidos. Especificamente no caso do câncer de próstata, projeta-se um aumento de 136,4% nas mortes até 2050, o que o torna uma das neoplasias com maior mortalidade masculina global.

Ao mesmo tempo, entre os anos de 2015 e 2025, apenas 242 artigos científicos foram publicados no PubMed associando os termos “câncer de próstata” e “musculação”. No mesmo período, o Brasil contabilizou aproximadamente 680 mil novos casos diagnosticados da doença. Isso representa, em média, 24 publicações científicas por ano frente a 68 mil novos diagnósticos clínicos: para cada artigo publicado, surgiram cerca de 2.800 novos casos. Esse contraste entre a evolução da doença e a escassez de produção científica evidencia a urgência de se reconhecer a musculação como uma importante ferramenta de prevenção e suporte terapêutico.
Mas como, de fato, a musculação pode interferir na prevenção e no tratamento do câncer de próstata?
Uma revisão sistemática recente, publicada por Sande-Rivadulla et al. (2024), avaliou 550 pacientes em tratamento com bloqueio androgênico ou em fase de recuperação. Os resultados demonstraram efeitos positivos do treinamento de força sobre força muscular, massa magra, funcionalidade física, saúde metabólica, autoestima e bem-estar. Os melhores protocolos utilizaram máquinas de musculação convencionais, com intensidade entre 60% e 80% de 1RM, frequência de 2 a 3 vezes por semana, durante pelo menos 12 semanas. Esses programas incluíam de 2 a 4 séries por exercício, com 8 a 12 repetições, abrangendo os principais grupos musculares com progressão controlada.
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Os ganhos na força isométrica e dinâmica foram especialmente evidentes nos testes de supino e leg press. Protocolos que incluíram uma fase de adaptação neuromuscular apresentaram maior adesão e menos efeitos adversos. A maioria dos estudos relatou ganhos significativos em massa muscular magra e melhora nos aspectos emocionais. Mais de 80% dos participantes mantiveram-se nos programas de exercício até o fim da intervenção.
Conclui-se que a musculação é uma abordagem segura, eficaz e cientificamente embasada no enfrentamento do câncer de próstata. Cabe agora aos profissionais de Educação Física assumirem o protagonismo: buscar constante atualização, aplicar a prescrição baseada em evidências e atuar junto às equipes multiprofissionais. O futuro da saúde masculina exigirá profissionais preparados. E a musculação — quando bem aplicada — será uma das mais poderosas aliadas.
Aylton Figueira Junior é formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr
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