Estudo mostra como o envelhecimento muscular aumenta a gordura intramuscular, afeta o metabolismo e como o exercício melhora a sensibilidade à insulina em idosos
Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
26/12/2025
Com o envelhecimento, observa-se aumento progressivo do peso corporal, da resistência à insulina e do acúmulo de gordura intramuscular e visceral. Esses fatores estão intimamente ligados ao declínio metabólico. Diante desse cenário, surge uma questão central: o treinamento físico, especialmente em alta intensidade, é capaz de melhorar o perfil metabólico ao longo do envelhecimento? E mais: quais são seus reais efeitos em pessoas idosas?
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O que o estudo investigou
Alexander et al. (2025) investigaram a dinâmica do tecido adiposo intermuscular (IMAT) em dois grupos:
- 29 adultos jovens (25,0 ± 3,8 anos)
- 22 idosos (76,0 ± 5,0 anos)
Todos eram saudáveis, não obesos e não frágeis. O objetivo foi verificar se o IMAT se acumula mesmo no envelhecimento saudável e como esse tecido se relaciona com a sensibilidade à insulina e a capacidade oxidativa mitocondrial.
Protocolo de treinamento adotado
O estudo incluiu um protocolo de intervenção de 12 semanas, combinando diferentes estímulos. O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) foi composto por quatro estímulos de 4 minutos acima de 90% do V̇O₂pico, intercalados com 3 minutos de recuperação. O protocolo, realizado cinco vezes por semana, utilizou cicloergômetro (3 dias/semana) e esteira (2 dias/semana).
Paralelamente, aconteceu o treinamento de força para grandes grupos musculares de membros superiores e inferiores, quatro vezes por semana, com progressão ao longo do período.
Principais diferenças entre jovens e idosos
Os resultados demonstraram que, mesmo na ausência de obesidade ou diabetes, o envelhecimento está associado a maiores volumes de tecido adiposo intermuscular na coxa, com impacto negativo sobre a saúde metabólica.
Os idosos apresentaram:
- Maior massa gorda total e percentual de gordura corporal
- Menor massa magra total
- Volume muscular da perna aproximadamente 15% inferior aos jovens
Além disso, o consumo máximo de oxigênio foi significativamente menor no grupo idoso (20,3 ± 3,0 vs. 33,7 ± 5,3 mL/kg/min).
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Relação entre IMAT e saúde metabólica
O volume de IMAT na perna foi quase duas vezes maior nos idosos em comparação aos jovens. Ainda assim, a captação basal de glicose foi semelhante entre os grupos. As análises correlacionais revelaram uma associação negativa entre gordura intramuscular e sensibilidade à insulina no grupo total. Essa relação foi mais pronunciada nos idosos.
Observou-se também associação positiva entre IMAT e gordura visceral abdominal, bem como com o percentual de gordura corporal. Por outro lado, não houve associação com a gordura subcutânea da perna.
O que mudou após o treinamento
Após o período de treinamento, houve aumento significativo do consumo máximo de oxigênio e melhora da sensibilidade à insulina em ambos os grupos.
No entanto, um achado relevante merece destaque: a redução significativa do tecido adiposo intermuscular ocorreu apenas nos jovens, apesar de a condição metabólica ter melhorado também nos idosos.
O volume muscular da perna aumentou somente nos jovens. Já a massa magra total aumentou nos dois grupos. Além disso, o percentual de gordura corporal diminuiu tanto em jovens quanto em idosos.
Conclusões e implicações práticas
Em síntese, o estudo indica que o tecido adiposo intermuscular pode ser considerado um marcador de envelhecimento biológico, associado negativamente à saúde metabólica.
Embora o exercício físico promova melhorias importantes na sensibilidade à insulina e na aptidão cardiorrespiratória em idosos saudáveis, o volume de IMAT na perna parece ser relativamente refratário ao treinamento nessa população.
As adaptações metabólicas observadas nos idosos ocorreram independentemente da redução desse compartimento adiposo. Isso sugere que o exercício atua por outras vias na melhora da qualidade metabólica, mesmo sem alterar substancialmente a quantidade absoluta de gordura intramuscular em indivíduos acima dos 60 anos.
Referência
ALEXANDER, A. M., et al. Intermuscular adipose tissue in healthy human aging—effects of exercise training and implications to metabolic health. J Appl Physiol, 139: 1300–1308, 2025
Aylton Figueira Junior é formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr













































































































































































































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