A tecnologia já está moldando a forma como academias se diferenciam, constroem branding e conquistam lealdade. O desafio agora é transformar dados em decisões estratégicas que geram vantagem real
Por Alessandro Mendes, colunista Fitness Brasil
30/9/202
O mercado fitness nunca foi para amadores. Durante anos, bastava abrir as portas com meia dúzia de esteiras, algumas bicicletas e um professor dedicado para começar a competir. Era quase uma febre: academias surgiam em cada esquina, impulsionadas por um mercado pulsante por estética e pertencimento.
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Hoje, esse mesmo mercado ganha um gás de aceleração nunca antes visto. Esse crescimento nos últimos 3 anos mostra que estamos dentro de uma nova onda. Mas isso não quer dizer que tudo vai ficar lindo perfeito: somos o segundo maior mercado de academias do mundo em número de unidades, mas estamos muito distantes dos líderes quando o assunto é faturamento e consistência dos resultados . Temos volume, mas não temos margem. Temos quantidade, mas ainda patinamos em qualidade de gestão e Diferenciação e Posicionamento Competitivo.

É nesse vácuo que a Inteligência Artificial entra em cena. E não como uma solução milagrosa, mas como uma poderosa lente estratégica. Porque a questão não é se a IA vai impactar o mercado fitness, ela já está impactando. A questão é: quem vai conseguir transformar tecnologia em decisões que façam diferença no Posicionamento Competitivo da sua academia?
A IA pode ajudar a inverter essa lógica porque traz clareza. Quer reposicionar sua academia? Comece entendendo quais são os padrões que seus clientes reconhecem como diferenciais e quais sinais eles rejeitam ou ignoram. Ferramentas de análise, por exemplo, podem rastrear como o público reage a mensagens específicas, revelando se a sua comunicação está transmitindo preço baixo, comunidade, exclusividade ou bem-estar.
Esse tipo de insight é ouro para o branding, porque permite que a narrativa da marca seja calibrada com precisão, evitando o genérico e construindo uma identidade competitiva que se sustenta ao longo do tempo .
Sempre defendemos que branding não é logotipo ou cor de parede, mas a forma como uma empresa ocupa um espaço simbólico na mente e no coração do consumidor. O problema é que, na prática, muitas academias ainda constroem suas narrativas no escuro, sem base sólida de análise de comportamento, preferências ou motivações dos seus clientes.

É aqui que a IA oferece uma revolução. Ao processar dados de consumo, engajamento digital e até microinterações em pontos de contato, a tecnologia ajuda a revelar não apenas quem é o cliente, mas como ele enxerga a marca e o que realmente valoriza nela. É como se a IA entregasse o mapa invisível da percepção de marca, algo que sempre foi intuição e agora pode se tornar ciência aplicada.
Na última edição da Fitness Brasil Expo, em parceria com o Carlinhos California, vivenciei algo que traduz esse momento de virada. Foram dias intensos de palestras e oficinas, em que não ficamos apenas na teoria. Colocamos quase cem participantes para trabalhar em grupos, criando prompts, testando respostas da IA e simulando estratégias de vendas, fidelização e marketing. O resultado? Um choque de realidade. Muitos gestores perceberam, pela primeira vez, que a IA pode prever quem está prestes a cancelar a matrícula antes que isso aconteça, sugerir campanhas segmentadas com linguagem personalizada, ou até estruturar uma grade de comunicação de forma muito mais eficiente do que qualquer manual improvisado.
Vi nos olhos dos participantes aquele misto de surpresa e urgência. A surpresa de descobrir que a tecnologia está ao alcance da mão. E a urgência de perceber que não dá mais para adiar essa transformação. Porque enquanto uns ainda hesitam, outros já estão aplicando. O mercado não espera, ele seleciona.
O jogo competitivo do fitness não será decidido apenas por quem tem mais equipamentos ou cobra menos na mensalidade. Ele será vencido por quem souber articular uma marca diferenciada, ancorada em dados, capaz de traduzir propósito em experiência e experiência em lealdade. A Inteligência Artificial não substitui o olhar humano do estrategista, mas fornece a ele ferramentas inéditas para construir posicionamentos que não são apenas slogans, e sim estratégias vivas de competitividade.
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Enquanto alguns ainda discutem se vale a pena investir, já existem academias usando a IA para conversar com cada cliente de forma personalizada, prever comportamentos de consumo, criar planos de retenção sob medida e otimizar o marketing com precisão.
O recado é claro: não estamos diante de uma moda passageira, mas de uma nova era. A IA não veio para substituir a essência humana do fitness, mas para ampliar a capacidade de entregar valor. Cabe a cada gestor decidir se será protagonista dessa transformação ou apenas espectador de mais um capítulo em que o mercado seleciona os que evoluem e elimina os que insistem em permanecer no passado.
Esteja a frente, foco no alvo! Sempre!
Alessandro Mendes é líder dos Arqueiros, Idealizei e Roda de Brinquedo, além de Facilitador Master do Empretec Sebrae/ ONU
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