Quem é quem – os líderes do mercado fitness: Gustavo Almeida, diretor executivo da Fitness Brasil

Nova seção do FitBR News apresenta as trajetórias, os desafios e a visão de futuro dos principais nomes do universo fitness no Brasil

Yara Achôa, Fitness Brasil
2/7/2025

“Quem é quem – os líderes do mercado fitness” é a nova seção do FitBR News dedicada a apresentar os protagonistas que impulsionam o setor fitness e de bem-estar no país. A cada semana, vamos destacar a trajetória de líderes que estão moldando o presente e o futuro do mercado.

Para inaugurar a série, convidamos Gustavo Amado de Almeida, diretor executivo da Fitness Brasil, que compartilha sua história, aprendizados, valores e perspectivas sobre o segmento que movimenta milhões de brasileiros.

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Qual é o principal foco do seu negócio fitness/bem-estar?
O propósito da Fitness Brasil é conectar, capacitar e fortalecer o mercado fitness. Todos os nossos projetos estão alinhados a ele.

Atualmente, nosso principal projeto é a Fitness Brasil Expo. São três dias intensos e incríveis, onde podemos materializar o nosso propósito com perfeita clarividência, junto aos milhares de líderes dos principais públicos de interesse do mercado.

Como começou sua trajetória no setor? O que o levou a esse mercado?
Desde criança pratico esportes e consumo como fã e espectador. Aos 17 anos, quando chegou a hora de decidir que rumo tomar na vida e que curso de graduação ingressar, tive a oportunidade de assistir aulas de marketing, durante um período de intercâmbio nos Estados Unidos.

O mercado americano de marketing esportivo sempre foi muito forte e, os casos estudados e debatidos nas aulas, fizeram meu olho brilhar.

Decidi, então, juntar a paixão pelo esporte com o mundo dos negócios, pelo qual já tinha interesse.

Ainda na faculdade comecei uma agência de marketing esportivo. Saí, vivenciei alguns poucos anos no marketing de grandes organizações, voltei para a agência. A mesma que havia começado. Algumas divergências e falta de experiência me levaram a buscar novos ares poucos anos depois. E por uma dessas obras do destino, fui parar na Fitness Brasil, em dezembro de 2007. Na época, meu trabalho era cuidar do marketing.

De lá para cá muita coisa aconteceu. Me tornei Diretor Executivo, depois sócio. Onze anos depois, em 2018, deixei o dia a dia da empresa e montei outro negócio, também ligado ao universo de esporte e atividade física, mas com outro foco.

Veio a Pandemia e, na virada de 2020 para 2021, assumi novamente a cadeira de diretor executivo da Fitness Brasil.

E aqui estamos. Depois das duras lições que a tempestade da pandemia me ensinou, mais resiliente e confiante do que nunca, de que promover um futuro mais saudável para as pessoas é meu combustível.

Quais foram os maiores desafios que surgiram ao longo de sua carreira — e como os superou?
Sem dúvida os maiores desafios foram os que enfrentei em 2020 e 2021. A fase que vivi a minha tempestade perfeita. Desafios globais, profissionais e pessoais significativos, tudo ao mesmo tempo, junto, aqui e agora. Pandemia, mudanças societárias complexas, separação com filhas pequenas.

A superação veio a partir dos valores fortes que trago do berço. Nas horas difíceis, nas decisões complexas, os valores nos ajudam a manter a sensatez, a lucidez, a coerência entre nossas ações e nossa essência. Por mais difícil que seja, por mais tortuoso e incerto que o caminho possa parecer, é preciso autoconhecimento e confiança de que fazer o que é certo sempre vale a pena.

Credibilidade foi fundamental. Saber identificar e escolher com quem andar também. Dizem que mais importante que o resultado da guerra é quem está com você lá nas trincheiras, não é mesmo?

Passado o furacão, ficaram muitas lições e aprendizados, e uma nova calibragem da régua dos problemas, e, principalmente de como lidamos com eles.

Conte uma situação que você viveu em que precisou se adaptar, se ajustar a uma mudança.
Em 2018, ao deixar a posição executiva na Fitness Brasil, veio um vazio, uma sensação estranha da falta da rotina. Imagino que seja similar a sensação de um profissional quando se aposenta e, de repente, depois de décadas, não tem para onde ir em uma segunda-feira às 8h da manhã. O projeto do novo empreendimento já vinha amadurecendo, então eu não estava totalmente sem rumo. Mas precisei administrar a ansiedade e me adaptar a uma nova rotina – ou a falta dela – ao começar um novo negócio.

Inúmeras reuniões em cafés, em casa e até na biblioteca da faculdade onde eu e meu sócio, Marcos Yano, formamos. Plano de negócios, projeções financeiras, apresentações e, enfim, captação de investidores corajosos, que embarcaram conosco no início do prelúdio do projeto. E assim, recomecei a rotina de “ter pra onde ir”, no primeiro coworking que sediou a Vega Sports, ali no Brooklin, em São Paulo.

Qual foi o momento mais marcante de sua trajetória profissional até agora?
Pergunta difícil. Mas se tiver que escolher um, diria que o mais marcante foi a volta por cima – o turnaround, nas terminologias do mundo dos negócios – que conseguimos realizar na Fitness Brasil, da pandemia para cá.

Quais tendências e inovações você acredita que irão moldar o futuro do setor?
Acredito que as inovações que permitem a ampliação das possibilidades de oferta. As experiências mais diversas que temos visto nos últimos anos e que devem seguir nos próximos, são fundamentais para que mais pessoas encontrem uma atividade física que gostem e se mantenham ativas. Especialmente as que, no fim do dia, tragam o senso de comunidade, de pertencimento.

Sejam os esportes de areia pela possibilidade de integração, facilidade para aprender, ou mesmo pela resenha ao redor das quadras.

Os CTs para quem quer treinar mais pesado, ou mesmo só pelo tal do “wanna be” – querer ser visto de determinada forma. O Hyrox que simplifica o Cross Fit e é mais convidativo para quem gosta de correr. As aulas coletivas de pilates, em aparelhos especialmente desenvolvidos para isso, que democratizam a prática. Os grupos e clubes de corrida de rua, que tomam parques, praças e praias. Os festivais de bem-estar, que têm ganhado força com jovens adultos ao redor do mundo.

Como você enxerga o papel do Brasil no cenário global do fitness?
Por ser o segundo maior mercado do mundo, o Brasil atrai os grandes players globais. Muitos já estão aqui. Outros, se assustam com a complexidade, a burocracia, os impostos, vem e vão – ou nem chegam a vir. De fato, temos que reconhecer que não é fácil fazer negócio no nosso país.

Quem atua por aqui, sejam as multinacionais ou empresas nacionais, com todos os méritos, prospera. Especialmente agora, com o vento a favor, visto o aumento da demanda nas academias.

Mas o que tem me chamado a atenção é o sucesso de quem navega bem por aqui e alça voos lá fora: a Smartfit, que além das mais de 800 unidades em operação no Brasil, tem quase 1.000 pelos outros países da América Latina; a Metalife, líder em equipamentos de pilates no Brasil, que exporta para mais de 30 países; a ABC Evo, que atende 8.500 clientes em 19 países da América Latina, com sua tecnologia em sistemas de gestão de academia. Exemplos como estes mostram a força da indústria brasileira globalmente.

Qual é a sua definição de sucesso?
Sucesso para mim é ter paz interior e poder fazer escolhas.

Quais são seus valores inegociáveis?
Integridade, lealdade, empatia.

Que conselho daria para novos empreendedores ou profissionais que querem crescer no setor?
Diria para trabalhar duro, não pegar atalhos, se manter fiel aos seus valores, ser curioso e inquieto. Procurar colocar energia em projetos e negócios em que de fato acreditem que vão ajudar as pessoas a resolver suas dores e desafios.

Como equilibrar a vida pessoal e profissional em um setor tão dinâmico?
Me parece ser a pergunta do milhão, em tempos em que os transtornos mentais – ansiedade, depressão – são tão presentes. Não sei dizer a fórmula do sucesso, além do óbvio que a nossa paz e estado de saúde e bem-estar passa, definitivamente pelo equilíbrio entre os papéis e funções que desempenhamos: profissional, pai, filho, marido, amigo. Anos atrás eu tinha uma agenda de trabalho e outra pessoal. Mas que sentido tem isso se eu sou um só? Hoje, é uma agenda só. No máximo uma sinalização de cores diferentes para a natureza dos compromissos. O setor ser dinâmico é parte do jogo. Que setor não é dinâmico? O mundo está muito dinâmico.

Na minha percepção, no fim das contas tudo passa pelas lentes que enxergamos a vida. COMO encaramos aquilo que acontece conosco.

Não escolhemos tudo que acontece, mas podemos escolher como reagir. Eu gosto muito dessa forma de ver as coisas. Não terceirizar. Assumir a frente, as rédeas, a responsabilidade.

Como diz Cora Coralina: “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”

Quais são seus próximos desafios e projetos dentro do mercado fitness? E desafios pessoais?
O grande desafio da Fitness Brasil é encontrar cada vez mais projetos que contribuam para desenvolver o mercado fitness de forma sustentável, além de seguir desenvolvendo os projetos atuais, para que agreguem cada vez mais valor aos nossos stakeholders.

No âmbito pessoal, este ano vou estudar em uma universidade fora do país. Ainda que seja um curso de apenas duas semanas, é um sonho antigo.

Família é meu porto-seguro. Manter o equilíbrio entre as prioridades, como disse há pouco, seguirá sendo um desafio.

Se você pudesse ter um superpoder, qual seria — e por quê?
Voar. A sensação de liberdade deve ser incrível.

Qual foi o último livro que você leu?
A Vida Sem Amarras, de Michael Singer. Uma bela indicação de um amigo com quem tenho bons papos, daqueles bem reflexivos.

Sugestões de um livro e um filme que podem inspirar outros líderes.
O livro O Poder do Hábito, de Charles Duhigg, que me fez mudar alguns pequenos hábitos que tiveram efeito importante na vida.

O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, um filme francês, leve, divertido. Nos ensina muito sobre empatia, fundamental para criar boas conexões, inspirar e liderar.

Um conselho ou um ditado ou uma frase que você leva para sua vida – e pode ajudar outras pessoas.
São duas: “Passado não é destino. Construa seu próprio destino.” Aprendi com Flávio Canto, medalhista olímpico. São as frases da vez, escritas no espelho do meu guarda-roupas.

Seus contatos…
Meu e-mail na Fitness Brasil é gustavo@fitnessbrasil.com.br. No Instagram, meu perfil é @gualmeida29. E no LinkedIn Gustavo Almeida.