Como o Radar de Talentos e a Trilha de Carreira podem transformar a cultura das academias e preparar o setor para o futuro do trabalho
Por Cris Santos, colunista Fitness Brasil
10/12/2025
O setor fitness brasileiro vive um momento decisivo. A relação entre profissionais, trabalho, liderança e propósito mudou e a pandemia apenas acelerou essa virada. Agora, academias e studios enfrentam um cenário claro: a gestão de pessoas tradicional não acompanha mais o ritmo do mercado.
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Rotatividade alta, jovens que não permanecem, líderes sobrecarregados e equipes sem perspectiva formam um padrão que se repete em toda a América Latina. O setor, porém, segue crescendo, abrindo unidades e adotando tecnologia, mas ainda sem resolver sua base estratégica: atrair, desenvolver e reter pessoas de forma consistente.

Os dados reforçam esse ponto. O Gallup mostra apenas 23% dos profissionais engajados no mundo. A PwC aponta mudança de prioridades pós-2020. IHRSA e EuropeActive indicam a maior dificuldade de retenção da década. E a Microsoft identifica a busca crescente por significado no trabalho.
No Brasil e na América Latina, onde as realidades socioeconômicas e culturais ampliam a pressão emocional e financeira sobre os profissionais, o impacto é ainda mais intenso.
Não falta mão de obra
Essas transformações têm nomes conhecidos: Quiet Quitting, quando a pessoa se desconecta emocionalmente; Loud Quitting, quando a saída é explícita e marcada por desgaste; e a Great Reshuffle, movimento global em que profissionais trocam de empresa, setor ou carreira buscando coerência, equilíbrio e propósito. Esse fenômeno não é moda. É uma resposta humana a um mundo novo — e o setor fitness latino-americano ainda está aprendendo a lidar com ele.
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Observando academias no Brasil, Chile, Argentina, México e Colômbia, um padrão se repete: não falta mão de obra. Falta estrutura. Falta clareza de papéis, onboarding, comunicação interna, avaliação de desempenho, cultura definida, desenvolvimento e liderança preparada.
O setor ainda convive com
– papéis sobrepostos
– contratações emergenciais
– falta de processos
– líderes técnico-operacionais sobrecarregados
– comunicação frágil
– pouca previsibilidade de crescimento
– ausência de rituais de cultura
– avaliações subjetivas
– equipes entrando sem orientação e saindo sem feedback
O resultado é previsível: instabilidade, ansiedade, desgaste e a sensação de que “ninguém quer trabalhar”. Mas as pessoas querem — só não querem permanecer em ambientes sem coerência, clareza e direção.
É nesse contexto que surge o modelo integrado Radar de Talentos + Trilha de Carreira. Ele traduz tendências globais para a realidade brasileira e latino-americana.
O Radar de Talentos diagnostica quem já está na empresa, avaliando:
• perfil comportamental
• performance real
• potencial de crescimento
• adequação cultural
Esse mapeamento revela talentos escondidos, funções mal distribuídas, perfis desalinhados e lideranças exaustas. Onde o processo foi aplicado, os resultados se repetem: menor turnover, reorganização de funções, times mais seguros e líderes mais preparados.
Enxergar não basta
Profissionais – especialmente da geração Z – querem evolução, reconhecimento e ambientes emocionalmente seguros. A Deloitte mostra carreiras mais fluidas; a Gartner reforça a busca por propósito; a PwC aponta falta de perspectiva como principal motivo para desligamentos voluntários.
A Trilha de Carreira dá forma a esse caminho: etapas claras, competências, critérios de evolução, expectativas transparentes. Ela transforma dúvida em direção e estagnação em possibilidade.
No fitness, trilhas estruturadas impactam imediatamente: instrutores visualizam evolução, vendedores entendem metas e etapas, professores enxergam liderança possível, e os gestores ganham ferramentas objetivas de avaliação.
Juntos, Radar + Trilha criam um sistema completo para o setor. Contratações deixam de ser emergenciais; retenção passa a ser consequência; liderança deixa de ser solitária; cultura deixa de oscilar conforme a pressão do mês.
E surge uma pergunta essencial: por que um setor que fala tanto de saúde, bem-estar e performance ainda não aplica esses valores para quem trabalha dentro das academias? Por que cuidamos do aluno, mas não das equipes que sustentam o negócio?
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A América Latina é relacional. Valorizamos proximidade, vínculo e sensibilidade. Por isso, modelos humanos, técnicos e estruturados têm potencial transformador. As pessoas não estão indo embora por falta de vontade, mas por falta de ambientes coerentes com suas necessidades emocionais e profissionais.
Entre 2026 e 2030, veremos expansão acompanhada de profissionalização: processos mais maduros, lideranças mais conscientes, carreiras claras e culturas intencionais. Radar de Talentos e Trilha de Carreira não são a única resposta, mas são uma resposta necessária.
No fim, o fitness que prosperará será o que entender o óbvio: pessoas movem negócios. Líderes movem pessoas. O resto é consequência.
Cris Santos é CEO da BrainFit Consultoria de Carreira & Negócios, com foco em pessoas e resultados, headhunter, especialista em desenvolvimento humano, carreira e liderança; mentoria B2B e B2C. Instagram @crissantosrh













































































































































































































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