Por Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
A demência é conceituada como qualquer contexto de redução ou alteração das funções cognitivas, associada ou não a condições patológicas cerebrais. A velocidade que as possíveis alterações podem ocorrer, se relacionam fortemente ao processo de envelhecimento, em relação ao estilo de vida da pessoa.
No contexto fisiológico, o tecido cerebral é o único que poderá apresentar manutenção da função e crescimento ao longo da vida. Entretanto, mudanças progressivas na vida cotidiana, tem levado a aumento das condições de estresse cerebral, em especial pela mudança e redução do tempo de sono, consumo alimentar que resultará em aumento do perfil inflamatório sistêmico e inatividade física. A associação desses três aspectos (embora existam outros), são agressivos ao desenvolvimento e manutenção cerebral, frente aos condicionantes fisiológicos de cunho bio-antropológico adaptativo da espécie humana. Nenhum outro “animal” sofreu tantas alterações nos últimos cem anos como os Seres Humanos.
O que isso significa?
Resposta: Os condicionantes comportamentais mudam muito mais rápido que a capacidade adaptativa fisiológica na preservação de funções e, neste caso, patologias são observadas, como a demência, câncer, dentre outras.
Portanto, a capacidade adaptativa cerebral, frente a prática regular de exercício está associada ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral, promovendo aumento de neurotrofinas, do fluxo sanguíneo cerebral, angiogênese, neurogênese, sinaptogênese e plasticidade sináptica na região relacionada à memória cerebral como o hipocampo, por exemplo, e redução de neuroinflamação e apoptose neural.
Portanto em função dos efeitos relacionados aos movimentos, seja o treinamento de força, atividade de endurance, o cortéx pré-frontal atua no controle e percepções das ações motoras realizadas, o que promove estímulos cognitivos e comportamentais. Um dos pontos mais significativos associados é que também haverá redução da prevalência das doenças crônicas, todas que forte associação inflamatória. A ação anti-inflamatória promovida pela contração muscular, contribui na manutenção da função cognitiva.
Exercícios e a resposta funcional
Porém, ainda não está estabelecido a dose de exercício semanal, apresentadas em diretrizes científicas, qual a melhor prescrição para reduzir os sinais clínicos da demência, considerando os biomarcadores, alterações cerebrais supramoleculares e moleculares e manifestação neuropsicológica.
Um estudo recente, publicado no periódico Behavioural Neurology, 2020, Nuzum, H et al, demonstrou que acumular 300 minutos de exercícios e atividade física por semana, promoveu efetiva melhora na resposta funcional, qualidade de vida, independência em pessoas com sintomas depressivos. Em outra análise, Jensen, C encontrou que um dos principais benefícios relacionado ao controle da função cerebral, foi associado a redução da glicemia e insulina.
Nesse sentido, o profissional de Educação Física, ao considerar esses indicadores séricos, contribuirá na preservação da saúde mental. Partindo desta premissa exercícios de força, na musculação, por exemplo, sustenta a hipótese de que o volume semanal de treinamento de força, buscando a resposta hipertrófica será uma importante decisão na prescrição de exercício, especialmente com frequência semana de três vezes na semana, somando 16-24 séries por grupo muscular, com atenção aos exercícios multiarticulares.
Por uma vida com mais movimento.
Sucesso sempre!
Aylton Figueira Junior: formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr
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