Quem é quem – os líderes do mercado fitness: Robson Schiavo (Bicudo), professor universitário

No Dia do Professor, o FitBR News celebra a trajetória de Robson Bicudo — educador, empreendedor e entusiasta das relações humanas — que há mais de três décadas ensina, aprende e inspira dentro e fora da sala de aula

Yara Achôa, FitBR News
15/10/2025

O FitBR News mais uma vez abre espaço para profissionais que vêm moldando o setor com propósito, visão estratégica e entrega. Neste 15 de outubro, Dia do Professor, a homenagem é a um dos mais atuantes e inspiradores do setor: Robson Schiavo – o Bicudo, professor universitário da FMU e proprietário da Divertium – Diversão em Movimento.

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Com uma trajetória que une ensino, empreendedorismo e paixão pelo movimento humano, Bicudo representa a essência do educador que transforma realidades e conecta pessoas por meio da atividade física. Seu trabalho em ginástica laboral, eventos corporativos, programas de bem-estar e na sala de aula reflete o equilíbrio entre técnica, empatia e propósito – uma combinação que o consolidou como referência em educação no universo fitness. Confira a entrevista!

Como começou sua trajetória no setor?

No início dos anos 1990, decidi ingressar na Educação Física a partir do trabalho com recreação em hotéis. Outras oportunidades surgiram como professor e coordenador em academias, spas e hotéis. Quando me mudei para São Paulo, e já atuava como professor em eventos e congressos da área, surgiu a chance de trabalhar com grandes eventos empresariais e com ginástica laboral.

O que me trouxe até aqui foi a disposição de aprender coisas novas e a visão de que não precisava me limitar a uma única área. Somar conhecimento e experiência foi essencial para que tudo acontecesse. Pode até parecer falta de foco, mas garanto que toda a trajetória tem uma explicação.

Quais foram os maiores desafios da sua carreira — e como os superou?

O primeiro grande desafio foi, muito jovem, assumir o cargo de coordenação de área e uma equipe para liderar em um Spa. Havia, naquele momento, muito idealismo e pouca experiência em gestão de pessoas. Eu tinha apenas 21 anos e estava trabalhando longe da família, em Salvador (Bahia). Todo este contexto gerou insegurança, conflitos e desafios com os quais tive que aprender a lidar sem muito suporte. Hoje, tenho certeza do quanto esta experiência me fez crescer rapidamente.

Outro desafio muito evidente em minha trajetória foi a primeira tentativa de empreender, sem o devido conhecimento e experiência. Realmente ser empreendedor envolve muitas questões para as quais temos que nos preparar. E muito!

Conte um momento difícil da sua vida e como você lidou com isso.

O momento mais difícil foi, sem dúvida, essa primeira tentativa de empreender. Já havia conquistado bons resultados no mercado como funcionário de empresas e um belo dia, por conta do interesse na vida acadêmica, achei por bem me desligar do cargo de gerente de lazer de um hotel e fazer uma especialização. Foi quando recebi o convite para ser sócio de uma academia no interior. A falta de conhecimento e experiência fizeram me empolgar com a proposta que, definitivamente, não era nada boa.

Houve um momento que eu já havia investido minhas economias e, dali em diante, eu provavelmente teria problemas com dívidas. Para não cair nesta situação resolvi sair da sociedade e tive que retornar ao mercado e me recolocar. Foi neste momento que me mudei para São Paulo.

Quando precisou se adaptar, o que aprendeu com a mudança?

Essa mudança para São Paulo foi transformadora. Tive de me reinventar profissionalmente, afinal eu já era um profissional que, até então, tinha progredido muito na carreira. Já era reconhecido no mercado dos eventos, cursos e congressos da nossa área. Com esse “tombo”, da sociedade malsucedida na academia, tive que lidar com meu orgulho e entender que para o recomeço teria que ter muita humildade e lidar com tudo que um recomeço exige. Era uma grande tentativa de trilhar novos caminhos. Deu certo!

Qual foi o momento mais marcante da sua trajetória profissional?

Mais do que um momento isolado, destaco a “volta por cima” depois do insucesso empresarial. Foi eu aceitar que estava passando por um momento difícil e aos poucos as oportunidades apareceram! Aulas no ensino superior, eventos empresariais e os trabalhos com ginástica laboral fizeram parte desta retomada.

Para você, quais tendências e inovações moldarão o futuro do setor?

Acredito que a compreensão dos indivíduos de forma holística e não apenas sob a ótica dos aspectos físicos é uma grande tendência. Sou um grande entusiasta do quão as relações humanas são importantes e, desta forma, acredito que juntamente com as novas tecnologias, o atendimento humanizado fará toda a diferença na qualidade dos serviços oferecidos..

Como você enxerga o papel do Brasil no cenário global do fitness?

O Brasil é um celeiro de talentos. Precisamos alinhar toda essa potência com as demandas nacionais. Estamos entre os primeiros grandes mercados da área, mas ainda temos o desafio de lutar com altos índices de sedentarismo e obesidade na população. Há muitos desafios e onde há desafios também há oportunidades!

Qual é a sua definição de sucesso?

Particularmente, penso que sucesso é uma definição muito relativa e é de caráter individual e intransferível. O que é sucesso para mim não é para o outro. Claro que eu poderia ser simplista e vincular o sucesso às conquistas profissionais, financeiras e materiais. Prefiro entender que sucesso é uma mistura de viver o mais plenamente possível junto as pessoas que amamos. E fazendo um recorte para a carreira e os aspectos profissionais, sucesso é poder trabalhar com algo que, além do dinheiro, traga realização e principalmente impactos positivos para os indivíduos e para a sociedade em que vivemos.

Quais são seus valores inegociáveis?

Ética, integridade, justiça e o compromisso de tentar fazer as coisas certas, independentemente da situação pela qual está passando.

Que conselho daria a novos empreendedores ou profissionais que querem crescer no setor?

Estudem, experimentem, procurem boas referências e estejam atentos às novas possibilidades. Oportunidades surgem para quem está preparado e disposto a aprender.

Como equilibrar a vida pessoal e profissional em um setor tão dinâmico?

Não é tarefa simples! Vivemos falando da importância da qualidade de vida e do equilíbrio necessário entre os aspectos pessoais e profissionais e, por vezes, caímos na armadilha de uma vida voltada em demasia para o trabalho. A ideia é de tempos em tempos fazer uma avaliação de como estão estas questões em nossas vidas e, racionalmente, fazer as devidas correções de rumo na busca de uma vida melhor.

Quais são seus próximos desafios e projetos?

Farei 53 anos em breve e, no momento, passo por uma fase de um certo equilíbrio na vida pessoal e profissional. Entendo que este equilíbrio é uma conquista momentânea e instável. A qualquer momento o cenário pode mudar.

Desta forma, fico sempre atendo às oportunidades e aberto a novas experiências pessoais e profissionais. Nunca se sabe quando as coisas podem mudar e para isso me coloco na posição de eterno aprendiz disposto a aprender coisas novas.

Mas, de forma bem objetiva poderia citar que hoje estou em fase de planejamento da próxima viagem e, quem sabe, voltar as quadras para jogar voleibol. Os meus joelhos estão bem comprometidos, mas, a posição de líbero pode ser uma possibilidade. Vamos aguardar!

Se pudesse ter um superpoder, qual seria?

O poder de reencontrar amigos e pessoas queridas que já não estão mais aqui.

Qual foi o último livro que leu?

Você aguenta ser feliz?, de Arthur Guerra e Nizan Guanaes.

Sugestões de um livro e um filme que podem inspirar outros líderes.

Vou citar um ou dois filmes! Gosto muito de filmes baseados em histórias reais. Entendo que, para serem feitos, faz-se necessário a licença poética, o que muitas vezes torna a obra um pouco diferente da total realidade, mas está valendo. Como defendo a atuação humanizada dos profissionais de nossa área vou sugerir um filme antigo chamado “Patch Adams – O amor é contagioso”.

E como professor universitário sugiro que assistam “Uma mente brilhante”. E sem dar spoiler e já dando, chamo atenção para um momento muito especial do filme que é uma “cerimônia, não oficial, de entrega de canetas” que ocorre durante um chá da tarde. Vale muito a pena e é emocionante!

Um conselho, um ditado ou uma frase que você leva para sua vida – e pode ajudar outras pessoas.

Vou citar algo inspirado no comportamento de meus pais. Eles nunca precisaram de frases de efeito ou livro de autoajuda para acordar cedo todos os dias e fazer o que tinha que ser feito por conta do maior propósito da vida deles que era tentar dar a melhor condição de vida possível para seus filhos. Desta forma, falar em propósito é entender claramente o que você pode fazer para tornar a sua vida e das pessoas em seu entorno melhor.